O escritor paquistanês Ahmed Faraz, considerado um dos mais importantes poetas modernos em língua urdu e conhecido pelas suas críticas ao autoritarismo, faleceu segunda-feira à noite em Islamabad, aos 77 anos.
Faraz sofria de problemas renais e encontrava-se hospitalizado em estado crítico na capital paquistanesa desde que regressou dos Estados Unidos no mês passado.
Amigos, escritores, personalidades do mundo da cultura e da política estiveram ontem no enterro de Faraz em Islamabad, segundo informou o poeta Sarmad Sehbai.
"Era, sem dúvida, o poeta mais popular deste país. Com um grande sentido de humor e um imenso amor à vida", disse o seu amigo e escritor.
Faraz nasceu em 14 de Janeiro de 1931 em Nowshera, na Província da Fronteira do Noroeste (NWFP), então parte do Raj britânico da Índia.
Apesar de pertencer à etnia pastune, escreveu toda a sua obra em urdu, "a língua nacional do Paquistão a que dedicou toda a sua paixão", recordou ainda o seu amigo poeta.
As suas metáforas românticas tradicionais tinham uma excelente adaptação ao contexto moderno e contemporâneo", explicou Sehabai, segundo o qual Faraz foi uma das figuras mais destacadas no cenário lírico paquistanês desde a criação do país em 1947.
Faraz era também conhecido por ser uma voz favorável ao progresso e à mudança, atitude contestatária que o forçou ao exílio durante o regime do general Zia-ul-Haq (1977-1988).
Em 2004 recebeu o prestigioso galardão nacional Hilal-i-Imtiaz em reconhecimento da sua longa carreira poética, mas dois anos depois devolveu-o para marcar a sua condenação da política do ex-presidente Pervez Musharraf, então também comandante do exército.
"A minha consciência - disse na altura - não me perdoará se eu permanecer como um espectador silencioso ante os tristes acontecimentos à nossa volta. No mínimo, tenho de fazer saber à ditadura como a vêem os olhos dos cidadãos, cujos direitos fundamentais foram usurpados".
Faraz trabalhou na rádio estatal e foi presidente da Academia das Letras do Paquistão e da Fundação Nacional do Livro.
Cortesia de JN
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