Uma antologia bilingue de 23 poemas de Mário de Sá-Carneiro, organizada e «transcriada» pelo poeta e músico uruguaio Washington Benavides, na própria expressão deste, foi publicada em Montevideu, numa edição patrocinada pela Embaixada de Portugal e o Instituto Camões.
«Passar em revista a obra de Sá-Carneiro em verso é depararmo-nos a cada passo com um mundo alucinatório em que se cruzam Salomé e um castelo de Espanha, os cafés parisienses e as suas mesas cativantes e traiçoeiras, mulheres reais e femmes fatales, e sempre a auto-sátira, implacável, dentro de uma poesia que descola do simbolismo para internar-se na modernidade e na vanguarda», escreve na introdução Washington Benavides.
O poeta uruguaio nascido em 1930, responsável pela tradução, é apresentado nas badanas do livro, que tem a chancela das Ediciones de la Banda Oriental, por Pedro Tamem, que o conheceu em 1998 num encontro de poetas em Lima, no Peru, e com quem desde então se manteve em contacto e com quem ao longo destes anos foi trocando as obras que um e outro foram publicando.
Para além da «cordialidade pessoal» e da «qualidade dos seus textos», Tamem foi surpreendido pelo «inesperado conhecimento» de Benavides da «actualidade cultural portuguesa e um acentuado interesse por ela».
Na introdução à antologia, Benavides descreve as similitudes e diferenças que encontrou nas biografias de Mário Sá-Carneiro e de Fernando Pessoa e aborda as temáticas da obra do primeiro (a morte e o suicídio), cujo período de «maior valor e alcance» situa entre 1912 e 1916, ano em que o poeta português se suicida.
«Esperemos que esta primeira abordagem do poeta português desperte o interesse na procura dos seus livros e a mergulhar neles. Como acontece sempre com o leitor principiante dos Cantos de Maldoror acreditamos que não saímos indemnes destas experiências terminais».
A antologia apresenta ainda uma «síntese cronológica», que faz a listagem das «coordenadas literárias» em que se desenrolou a obra de Mário de Sá-Carneiro, isto é, das obras de escritores e poetas europeus publicadas na mesma altura em que o poeta português fazia sair a sua obra.
Cortesia de IC
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