SILVA, António Dinis da Cruz e. O Hissope: poema herói-cómico. Edição crítica de Ana María Garcia Martín e Pedro Serra. Coimbra: Angelus Novus, 2006. Obras Clássicas da Literatura Portuguesa, Século XVIII. 4°, orig. prtd. wrps. 307 pp., illus., ISBN: 972-8827-35-0. $50.00
A primeira edição rara deste famoso poema burlesco que prima pelo uso de galicismos apareceu em 1802. A permissão de impressão em Portugal foi recusada pelo que a obra foi impressa em Paris, com uma falsa impressão londrina (então descrita no prefácio de Paris na edição de 1817). A edição de 1802 foi proibida de ser distribuida em Portugal por um edital mandado publicar a 17 de Abril de 1803 por Pina Manique, Chefe da Polícia de Lisboa, com a autorização do Ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho; todos aqueles que tentaram copiar a obra foram enviados para um exílio de 10 anos em África. A segunda edição, Lisboa, 1808, foi proibida de ser vendida e distribuida em Setembro de 1808, depois da expulsão francesa, e também é rara. A terceira e quarta edições foram impressas em Paris, 1817 e 1821; Martins de Carvalho lista 24 edições no início do século vinte. Cruz e Silva baseou o seu poema na querela entre o bispo de Elvas, D. Lourenço de Lancastre, e o superior, D. José Carlos de Lara, a qual ele testemunhou na primeira pessoa enquanto residia em Elvas entre 1764 e 1774. Bell reconta a história de que Cruz e Silva "foi chamado a ler a sua sátira ao todo poderoso Marquês de Pombal na presença do enfurecido bispo, e que o poema provou demasiado a gravidade do ministro, pois que enviou Cruz e Silva a julgamento no Rio de Janeiro (1776)" (Literatura Portuguesa pp. 273-4). O Hissope foi mais tarde fonte de inspiração para Francisco de Mello Franco no bem conhecido poema burlesco Reino da estupidez. Nascido em Lisboa em 1731, Cruz e Silva estudou direito em Coimbra. Ele co-fundou a Arcadia Ulyssiponense em 1756 e, enquanto servia como juiz militar, desenvolveu uma formidável reputação como poeta lírico e satírico. A maior parte dos poemas de Cruz e Silva permaneceram sem publicação até depois da sua morte em 1799.
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