O espólio de Camilo Pessanha dispersou-se, em 1926, na sequência do seu falecimento. O presente núcleo documental pertenceu à família Castro Osório, que se relacionou amplamente com o poeta. É constituído por 189 documentos e foi adquirido, em 1979, pela BNP. Mais tarde, integraram-se duas colecções de fotocópias que se prendem com o Caderno Poético de Camilo Pessanha, surpreendentemente revelado, corria o ano de 1966, pelas vicissitudes e pelas ondas de choque da «Revolução Cultural» em Macau.
Os seus manuscritos autógrafos são raros por motivos que se prendem com a sua abulia, as suas fracturas, a incapacidade de se adaptar aos valores prevalecentes. Deste modo, os que fazem parte deste acervo – dezoito do punho de Camilo Pessanha e um que aparenta ter sido por ele revisto – adquirem uma importância não despicienda para os exegetas do poeta.
Fazem ainda parte do presente núcleo poemas manuscritos copiados por terceiros, nomeadamente por João de Castro Osório, José Benedito de Almeida Pessanha, Alberto de Serpa e, eventualmente, por Ana de Castro Osório, os quais foram utilizados para a fixação do texto das edições de 1945 e de 1969 da Clepsidra; correspondência, de carácter intimista, de Camilo Pessanha dirigida a Ana de Castro Osório, João Baptista de Castro e a Alberto Osório de Castro; iconografia avulsa importante, porquanto o poeta raramente se deixava fotografar; toda a correspondência que a publicação, em 1920, da Clepsidra gerou, a qual revela uma fraca empatia por parte dos intelectuais e da imprensa da época; dedicatórias de Camilo Pessanha a várias personalidades; etc.
Este núcleo é relevante para acompanhar a evolução poética do escritor, para o estabelecimento da edição crítica da Clepsidra e para o conhecimento de uma personalidade peculiar, plural e humanista.
O lançamento do inventário do espólio de Camilo Pessanha realiza-se amanhã, dia 10 de Dezembro de 2008, pelas 18h00 na Biblioteca Nacional.
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