Fernando Pessoa, Herberto Hélder e Manuel Alegre são os poetas que mais livros vendem em Portugal. No país dos poetas, há cada vez menos editoras a apostar na edição de poesia. Aquelas que o fazem dizem que as vendas estão a crescer. Já os livreiros apontam na direcção contrária e afirmam que a poesia se vende pouco. Apesar disto, as caixas de correio das editoras não cessam de se encher com manuscritos de aspirantes a poetas.
Para Vasco David, da Assírio & Alvim, "as vendas de poesia têm aumentado, em parte devido ao tipo de obras que estão a editar-se, nomeadamente as obras completas de autores clássicos".
Já o dono da livraria Poesia Incompleta, um espaço exclusivamente dedicado a este género literário, declara que "passa muitos dias sem vender livro nenhum" e considera que muitas vezes "se lê, se fala ou se compra poesia de forma superficial, porque as pessoas não têm coragem de assumir que não lhes interessa".
Símbolo máximo da elevação da linguagem humana, criadora de experiências intelectuais e estéticas profundas, difícil, aborrecida, bela ou sublime, a poesia é, desde há muito, um género amado ou odiado.
"As coisas só nos interessam como entretenimento; tudo o que foge disso é rejeitado, como é o caso da poesia , we are all now entertainers, como cantavam os Nirvana ", diz Changuito, que também é responsável, há 11 anos, pela dinamização de sessões de leitura de poesia no teatro A Barraca. "É só isso que somos hoje."
Se o volume de obras editadas e vendidas do género ficção tende a aumentar, "a poesia será sempre para franjas da população", diz Vasco David. "Há um boom editorial que não é acompanhado pela poesia, porque a aposta é sempre na vertente mais comercial."
O facto de sermos um país com níveis de literacia muito baixos e com uma educação que "cria pessoas com medo da leitura" não ajuda a que sejamos verdadeiros leitores de poesia", defende Changuito.
Opinião diferente tem o poeta Nuno Júdice, para quem "há uma nova geração muito aberta para a poesia", algo que não se traduz em vendas, "pois a leitura e a troca de poesia faz-se, cada vez mais, na Internet".
Já Jorge Silva Melo, que vai ler poesia de Mário Cesariny na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (ver caixa), ressalva o facto de em Portugal "ainda haver várias editoras de grande dimensão a apostarem na edição de poesia, algo que noutros países está a deixar de acontecer".
As tiragens de poesia em Portugal "são muito superiores às de Espanha, por exemplo", diz Júdice, que sublinha ainda que "a leitura de poesia não pode ser medida pelas vendas e, em Portugal, a poesia nunca perdeu a sua capacidade de comunicar com os leitores".
O percurso feito pela poesia nos seus movimentos modernista, surrealista, futurista, formalista, entre outros, está ele próprio ligado à forma como o público se aproximou ou afastou deste género literário.
"A poesia formalista assustou as pessoas e é responsável pelo afastamento de muitos leitores", defende Nuno Júdice.
Na opinião do editor da Assírio & Alvim, o crescimento que esta editora tem verificado na venda de poesia prende-se "com um maior esforço de promoção das obras", embora reconheça, tal como o faz o proprietário da livraria Poesia Incompleta, que os autores mais vendidos são os poetas portugueses que pertencem ao cânone, ao passo que os poetas mais jovens têm mais dificuldade em chegar ao público.
Jorge Silva Melo e Nuno Júdice defendem que, neste momento, a música é a forma por excelência da divulgação e da conquista de públicos para a poesia.
"Para que serve, afinal, este Dia Mundial da Poesia?", interroga-se Changuito. "Para debitar mais uns quantos lugares-comuns, porque amanhã tudo continuará igual."
Com lugares-comuns ou "capelinhas onde tantas vezes ancora", a poesia "está inscrita de alguma maneira na vida das pessoas, e as pessoas estão cada vez mais à procura de coisas vivas, à procura de alternativas", conclui Silva Melo.
Cortesia de DN Artes
Para Vasco David, da Assírio & Alvim, "as vendas de poesia têm aumentado, em parte devido ao tipo de obras que estão a editar-se, nomeadamente as obras completas de autores clássicos".
Já o dono da livraria Poesia Incompleta, um espaço exclusivamente dedicado a este género literário, declara que "passa muitos dias sem vender livro nenhum" e considera que muitas vezes "se lê, se fala ou se compra poesia de forma superficial, porque as pessoas não têm coragem de assumir que não lhes interessa".
Símbolo máximo da elevação da linguagem humana, criadora de experiências intelectuais e estéticas profundas, difícil, aborrecida, bela ou sublime, a poesia é, desde há muito, um género amado ou odiado.
"As coisas só nos interessam como entretenimento; tudo o que foge disso é rejeitado, como é o caso da poesia , we are all now entertainers, como cantavam os Nirvana ", diz Changuito, que também é responsável, há 11 anos, pela dinamização de sessões de leitura de poesia no teatro A Barraca. "É só isso que somos hoje."
Se o volume de obras editadas e vendidas do género ficção tende a aumentar, "a poesia será sempre para franjas da população", diz Vasco David. "Há um boom editorial que não é acompanhado pela poesia, porque a aposta é sempre na vertente mais comercial."
O facto de sermos um país com níveis de literacia muito baixos e com uma educação que "cria pessoas com medo da leitura" não ajuda a que sejamos verdadeiros leitores de poesia", defende Changuito.
Opinião diferente tem o poeta Nuno Júdice, para quem "há uma nova geração muito aberta para a poesia", algo que não se traduz em vendas, "pois a leitura e a troca de poesia faz-se, cada vez mais, na Internet".
Já Jorge Silva Melo, que vai ler poesia de Mário Cesariny na Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva (ver caixa), ressalva o facto de em Portugal "ainda haver várias editoras de grande dimensão a apostarem na edição de poesia, algo que noutros países está a deixar de acontecer".
As tiragens de poesia em Portugal "são muito superiores às de Espanha, por exemplo", diz Júdice, que sublinha ainda que "a leitura de poesia não pode ser medida pelas vendas e, em Portugal, a poesia nunca perdeu a sua capacidade de comunicar com os leitores".
O percurso feito pela poesia nos seus movimentos modernista, surrealista, futurista, formalista, entre outros, está ele próprio ligado à forma como o público se aproximou ou afastou deste género literário.
"A poesia formalista assustou as pessoas e é responsável pelo afastamento de muitos leitores", defende Nuno Júdice.
Na opinião do editor da Assírio & Alvim, o crescimento que esta editora tem verificado na venda de poesia prende-se "com um maior esforço de promoção das obras", embora reconheça, tal como o faz o proprietário da livraria Poesia Incompleta, que os autores mais vendidos são os poetas portugueses que pertencem ao cânone, ao passo que os poetas mais jovens têm mais dificuldade em chegar ao público.
Jorge Silva Melo e Nuno Júdice defendem que, neste momento, a música é a forma por excelência da divulgação e da conquista de públicos para a poesia.
"Para que serve, afinal, este Dia Mundial da Poesia?", interroga-se Changuito. "Para debitar mais uns quantos lugares-comuns, porque amanhã tudo continuará igual."
Com lugares-comuns ou "capelinhas onde tantas vezes ancora", a poesia "está inscrita de alguma maneira na vida das pessoas, e as pessoas estão cada vez mais à procura de coisas vivas, à procura de alternativas", conclui Silva Melo.
Cortesia de DN Artes
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