Não é uma estreia absoluta mas será “um momento único” da edição do Festival de Almada deste ano (a 27ª). "Ode Marítima de Fernando Pessoa", com direcção de Claude Régy, é para o director do Festival e do Teatro Municipal de Almada, Joaquim Benite, um desses momentos altos por que muitos esperam. O espectáculo serve de núcleo a outros (de poesia) num festival com algumas novidades e “passos em frente”. Sobre a sua criação, o encenador Claude Régy, no filme de apresentação do festival, diz que "Ode Marítima" o intimidou mas que finalmente ganhou coragem para o fazer com o actor “de grande dimensão” que é Jean-Quentin Châtelain.
A presença da poesia faz parte de uma longa tradição de um festival fundado em 1984, mas a tendência acentua-se este ano. Justifica Joaquim Benite ao P2: “Os grandes dramaturgos são grandes poetas.”
Num desses momentos, haverá Carmen.Eunice.Maria, recital de poesia que junta poemas escolhidos pelas actrizes Carmen Dolores, Eunice Muñoz e Maria de Jesus Barroso, a figura homenageada deste festival e ex-primeira dama – que foi afastada do Teatro Nacional D. Maria II por motivos políticos antes do 25 de Abril. E se o teatro não pode perder a ligação com o texto poético, como diz Joaquim Benite, o festival não pode perder a ligação com o público. E, por isso, tem vindo a crescer todos os anos “para não defraudar as pessoas”.
O orçamento passou este ano de 500 mil para 575 mil euros, e pela primeira vez chega ao Porto, tendo o Teatro Nacional de São João como um dos teatros associados. Inédito é também haver 30 criações e um total de 88 representações (no ano passado eram 49) em 16 espaços teatrais.
E pelos vários palcos que se associam ao festival – além do Teatro Municipal de Almada, o Teatro D. Maria II, o Teatro Maria Matos, o Instituto Franco-Português, o Centro Cultural de Belém, o Teatro do Bairro Alto, a Escola D. António da Costa em Almada, e outros – passarão grandes nomes do teatro de Portugal e do estrangeiro.
Desses, Charlotte Rampling será talvez a mais conhecida pela sua carreira no cinema. A actriz inglesa e Polydoros Vogiatzis protagonizam outros dos momentos altos do festival: um espectáculo que junta música e textos da romancista Marguerite Yourcenar e do poeta grego Constantin Cavafy, "Yourcenar/Cavafy".
O encenador argentino Daniel Veronese traz "Todos os governos evitaram o teatro íntimo" a partir da peça Hedda Gabler, de H. Ibsen. Também da América Latina, a narradora de lendas e contos Coralia Rodríguez, de Cuba, traz "Era uma vez um crocodilo verde". Explica a própria no filme de apresentação do festival que a história do crocodilo nasceu porque Cuba é “em forma de um crocodilo de olhos fechados, que se abrem para ouvir as histórias”.
Histórias deste e de outros tempos é o que trazem outras peças, como a encenação do franco-português Emmanuel Demarcy-Mota, director do Théâtre de la Ville. Casimiro e Carolina de Odon von Horvath é um texto “extremamente actual”, diz Benite, escrito nos anos a seguir a uma crise económica que não é a de hoje, mas a de 1929. Com a crise, a falência dos mecenas e a reflexão sobre “para que serve a arte, se não para gastar dinheiro (como pensam os mecenas)” num texto, inspirado de "O meu último suspiro de Buñuel", escrito e encenado por Jorge Silva Melo, uma meditação sobre a velhice e o esvaziamento do fim da vida.
Além de participar em "Dança da Morte2 de Ana Zamora, Luís Miguel Cintra regressa a As 10 canções de Camões, “para as entender com o público” como diz no vídeo de apresentação. O fado de Aldina Duarte mistura-se com oito instrumentos num espectáculo com direcção musical da coreógrafa Olga Roriz para quem era importante “perceber que outras vivências o fado pode ter”. Entre muitos outros espectáculos, o encenador alemão Matthias Langhoff adapta Shakespeare em "Cabaret Hamlet", “uma visão tridimensional” do texto de Hamlet, diz no filme de apresentação António Mega Ferreira, do Centro Cultural de Belém, onde será apresentado o espectáculo.
27ª edição Festival de Almada decorre de 4 a 18 de Julho de 2010.
Programa
Cortesia de O Público
A presença da poesia faz parte de uma longa tradição de um festival fundado em 1984, mas a tendência acentua-se este ano. Justifica Joaquim Benite ao P2: “Os grandes dramaturgos são grandes poetas.”
Num desses momentos, haverá Carmen.Eunice.Maria, recital de poesia que junta poemas escolhidos pelas actrizes Carmen Dolores, Eunice Muñoz e Maria de Jesus Barroso, a figura homenageada deste festival e ex-primeira dama – que foi afastada do Teatro Nacional D. Maria II por motivos políticos antes do 25 de Abril. E se o teatro não pode perder a ligação com o texto poético, como diz Joaquim Benite, o festival não pode perder a ligação com o público. E, por isso, tem vindo a crescer todos os anos “para não defraudar as pessoas”.
O orçamento passou este ano de 500 mil para 575 mil euros, e pela primeira vez chega ao Porto, tendo o Teatro Nacional de São João como um dos teatros associados. Inédito é também haver 30 criações e um total de 88 representações (no ano passado eram 49) em 16 espaços teatrais.
E pelos vários palcos que se associam ao festival – além do Teatro Municipal de Almada, o Teatro D. Maria II, o Teatro Maria Matos, o Instituto Franco-Português, o Centro Cultural de Belém, o Teatro do Bairro Alto, a Escola D. António da Costa em Almada, e outros – passarão grandes nomes do teatro de Portugal e do estrangeiro.
Desses, Charlotte Rampling será talvez a mais conhecida pela sua carreira no cinema. A actriz inglesa e Polydoros Vogiatzis protagonizam outros dos momentos altos do festival: um espectáculo que junta música e textos da romancista Marguerite Yourcenar e do poeta grego Constantin Cavafy, "Yourcenar/Cavafy".
O encenador argentino Daniel Veronese traz "Todos os governos evitaram o teatro íntimo" a partir da peça Hedda Gabler, de H. Ibsen. Também da América Latina, a narradora de lendas e contos Coralia Rodríguez, de Cuba, traz "Era uma vez um crocodilo verde". Explica a própria no filme de apresentação do festival que a história do crocodilo nasceu porque Cuba é “em forma de um crocodilo de olhos fechados, que se abrem para ouvir as histórias”.
Histórias deste e de outros tempos é o que trazem outras peças, como a encenação do franco-português Emmanuel Demarcy-Mota, director do Théâtre de la Ville. Casimiro e Carolina de Odon von Horvath é um texto “extremamente actual”, diz Benite, escrito nos anos a seguir a uma crise económica que não é a de hoje, mas a de 1929. Com a crise, a falência dos mecenas e a reflexão sobre “para que serve a arte, se não para gastar dinheiro (como pensam os mecenas)” num texto, inspirado de "O meu último suspiro de Buñuel", escrito e encenado por Jorge Silva Melo, uma meditação sobre a velhice e o esvaziamento do fim da vida.
Além de participar em "Dança da Morte2 de Ana Zamora, Luís Miguel Cintra regressa a As 10 canções de Camões, “para as entender com o público” como diz no vídeo de apresentação. O fado de Aldina Duarte mistura-se com oito instrumentos num espectáculo com direcção musical da coreógrafa Olga Roriz para quem era importante “perceber que outras vivências o fado pode ter”. Entre muitos outros espectáculos, o encenador alemão Matthias Langhoff adapta Shakespeare em "Cabaret Hamlet", “uma visão tridimensional” do texto de Hamlet, diz no filme de apresentação António Mega Ferreira, do Centro Cultural de Belém, onde será apresentado o espectáculo.
27ª edição Festival de Almada decorre de 4 a 18 de Julho de 2010.
Programa
Cortesia de O Público
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