Como gaivotas na margem entre sussurros roubados do mar e à distância de todos os pedaços de ti, a escalada do silêncio, o calado que ainda me faz sentir, porque dizias sonhos deliciosos. Procurando um mar que me chegue fico aqui…
Quando o dia for o seguinte, ah… quando os espasmos das gaivotas souberem… quando o mar perguntar por mim, diz-lhe que amanhã, quando as horas rasgarem o bastante de calor, e eu souber a cor mais colorida do desejo, há-de soprar um vento lento nos teus cabelos… diz-lhe pois que gravarei poemas nas tuas costas, às costas e às custas de uma cólica de silêncio, diz-lhe sobretudo que nunca digo o que quero dizer, que se chegares a areia circulará numa espiral lisa e sem rugas, num arabesco lento de vento, diz-lhe…
Conta-lhe que as nuvens imitam o sobrevoar das malucas gaivotas… e que eu talvez lhe fale qualquer coisa ainda por descobrir, que nem eu mesma sequer sei. Ele há-de gostar de saber…
Diz-lhe também como as ondas são impunes e como desaguam nas margens muitas vezes, quase sempre, sempre… numa cólica de silêncio.
Diz-lhe sobretudo que fico aqui…
Isabel Valentino
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