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Num escuro quarto fechado sento-me sozinho
E leio o Meghadura. O meu pensamento abandona o quarto,
Viaja numa nuvem solta, voa para muito longe.
Háa montanha Amrakuta,
Há o claro e esbelto rio Reva,
Saltando sobre as pedras no sopé das colinas Vindhya;
Aí, ao longo das margens do Vetravati,
Ocultas na sombra verde das árvores jambu cheias de fruta madura,
Estão as aldeias de Dasarna, as suas sebes com
As flores ketaki, as suas sendas delineadas pelas grandas árvores da floresta,
Cujos ramos suspensos estão vivos com os trinados dos pássaros-aldeões
Construindo os seus ninhos à chuva.
Há aquele desconhecido rio cujas margens de jasmim
As raparigas da floresta ociosamente percorrem:
O lódão das suas orelhas murcha com o calor das faces
E desespera com a sombra da nuvem.
Vede como as esposas da aldeia olham para o céu:
Mulheres simples - sem reserva no olhar
Quando a sombra densa e azul da nuvem bate nos seus olhos azuis-escuros!
Vede como as mulheres de Siddha languidamente deitadas numa sombria rocha azul
Se deliciam com a vaga frescura da nuvem; mas de repente com medo da tempestade,
Fogem para as suas grutas
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Rabindranath Tagore
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