«Mais do que mostrar o autor de canções inesquecíveis às quais o seu nome ficará para sempre ligado - e sem menosprezar este lado muito importante da poesia de Ary -, a exposição tem uma forte componente biográfica e uma dimensão mais abrangente, já que se pretende dar a conhecer o poeta, a forma como esteve na vida, na publicidade, na política, no seio da família e dos amigos», disse à agência Lusa o administrador-delegado da SPA, José Jorge Letria.
Cerca de 30 painéis com diversos materiais, incluindo fotografias, documentos, objectos pessoais de Ary dos Santos ou relacionados com a sua vida, poemas, letras de canções ou textos que escreveu para revista integram a exposição, baseada na fotobiografia de Ary dos Santos de Alberto Bemfeita - colega do poeta na agência de publicidade Espiral e seu amigo pessoal - dada à estampa em 2003 pela Caminho e que é coordenada pelo artista plástico e cenógrafo Fernando Filipe.
O espólio do poeta - que foi cooperador da SPA - patente na exposição foi cedido pelo Partido Comunista Português (PCP), do qual Ary dos Santos foi militante e ao qual o deixou em testamento.
A mostra assinala o 25.º aniversário da morte de Ary dos Santos, em Lisboa, a 18 de Janeiro de 1984, com 47 anos.
'Ary dos Santos foi um homem do excesso e da transgressão', observou José Jorge Letria, para quem Ary foi «um poeta que esteve presente nas canções, na publicidade, na política, que escrevia para revista, mas acima de tudo um grande poeta que usou as palavras de modo único e inimitável».
Foi - qualificou - «um homem que teve sempre uma atitude desmedida, de coragem, força, generosidade e solidariedade cuja obra poética é muitas vezes abafada pelas letras de canções que escreveu».
São também objectivos da exposição dar a conhecer um Ary dos Santos que «nem sequer precisava da canção para ser lido e escutado, contribuindo para que seja mais estudado nas faculdades» e libertando-o de dois preconceitos que recaíram sobre a sua obra - o primeiro por ter sido militante comunista e por a sua obra se ter colado sempre a isso e o segundo por ter escrito para canções e para política, o que era considerado menor para a poesia.
Paralelamente à exposição, que nas palavras de José Jorge Letria «é a maior feita até hoje sobre o autor de 'As portas que Abril abriu'», a SPA conta ainda realizar um recital de poesia , para o qual vai convidar José Fanha e Joaquim Pessoa, e um colóquio sobre a vida e obra de Ary.
A mostra está patente ao público até 18 de Maio, mas será reposta nos meses de Julho e Agosto.
Cortesia de Sol
Sem comentários:
Enviar um comentário