Um olhar sobre a literatura portuguesa contemporânea, «do Modernismo até à produção literária mais recente», é o que propõe o mais recente número da ‘Censive – Revue internationale d’études lusophones’, publicada pelo departamento de Português da Universidade de Nantes e que tem o apoio do Instituto Camões.
A responsabilidade da edição do dossier inserido no nº 4 da revista, respeitante ao segundo trimestre de 2009, pertence a Maria Graciete Besse, da Universidade de Paris Sorbonne – Paris IV, «desafiada» para o efeito pelo director da revista Carlos Maciel.
Segundo a professora da Sorbonne, a literatura portuguesa «começa, felizmente, a ser reconhecida em França», o que exigiu na organização do dossier procurar «um ponto de vista original, de modo a não voltar ao que já está largamente divulgado».
Também não foi intenção propor na ‘Censive’ – segundo escreve Graciete Besse numa nota de abertura – «um quadro exaustivo ou sistemático da literatura portuguesa, mas antes evocar um percurso, com ritmos múltiplos, olhares singulares e linhas de força susceptíveis de esboçar uma exploração fecunda do espaço literário português na sua diversidade e nas suas articulações principais».
Na organização do dossier, Maria Graciete Besse seguiu a «ordem cronológica que vai do Modernismo até à produção literária mais recente, fazendo aparecer variações e constantes».
Nos nomes dos autores portugueses escolhidos, figuram tanto «evidências» e «incontornáveis», como Fernando Pessoa, José Saramago, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luis, Lídia Jorge e Mário Cláudio, como «quase desconhecidos», caso de Daniel Faria, ou outros «injustamente esquecidos, sobretudo mulheres», como Maria Archer, Maria Judite de Carvalho, Maria Ondina Braga, ou «reservados (…) a uma elite universitária» – David Mourão-Ferreira, Maria Gabriela Llansol.
A organizadora procurou também manter «a simetria entre romance e poesia, concedendo um lugar significativo a poetas que desenvolvem um diálogo muito estimulante com as artes plásticas (João Miguel Fernandes Jorge e Ana Marques Gastão)».
Igualmente destaca o papel da revista Vértice, «fundamental na consolidação do Neo-realismo, um movimento hoje um pouco denegrido, que no entanto desempenhou um papel fundamental nos anos 40 e 50, pela sua concepção comprometida da obra literária», período a que sucedeu, no dizer da professora universitária, um «longo processo de desencanto» e «práticas poéticas que deram primazia ao textual».
O 25 de Abril de 1974, em seu entender, permitiu aos romancistas «reinventar estratégias de escrita que adoptam aspectos tão diversos como a carnavalização da História, a reflexividade da narrativa, a subversão dos modelos tradicionais, a dissolução dos géneros ou ainda o questionamento pós-colonial».
«Às transformações políticas corresponde certamente uma transformação estética, mas o laço entre política e criação é subtil, sendo do domínio do diálogo e da cumplicidade e não da estrita causalidade», considera Maria Graciete Besse.
Cortesia de IC
A responsabilidade da edição do dossier inserido no nº 4 da revista, respeitante ao segundo trimestre de 2009, pertence a Maria Graciete Besse, da Universidade de Paris Sorbonne – Paris IV, «desafiada» para o efeito pelo director da revista Carlos Maciel.
Segundo a professora da Sorbonne, a literatura portuguesa «começa, felizmente, a ser reconhecida em França», o que exigiu na organização do dossier procurar «um ponto de vista original, de modo a não voltar ao que já está largamente divulgado».
Também não foi intenção propor na ‘Censive’ – segundo escreve Graciete Besse numa nota de abertura – «um quadro exaustivo ou sistemático da literatura portuguesa, mas antes evocar um percurso, com ritmos múltiplos, olhares singulares e linhas de força susceptíveis de esboçar uma exploração fecunda do espaço literário português na sua diversidade e nas suas articulações principais».
Na organização do dossier, Maria Graciete Besse seguiu a «ordem cronológica que vai do Modernismo até à produção literária mais recente, fazendo aparecer variações e constantes».
Nos nomes dos autores portugueses escolhidos, figuram tanto «evidências» e «incontornáveis», como Fernando Pessoa, José Saramago, António Lobo Antunes, Agustina Bessa-Luis, Lídia Jorge e Mário Cláudio, como «quase desconhecidos», caso de Daniel Faria, ou outros «injustamente esquecidos, sobretudo mulheres», como Maria Archer, Maria Judite de Carvalho, Maria Ondina Braga, ou «reservados (…) a uma elite universitária» – David Mourão-Ferreira, Maria Gabriela Llansol.
A organizadora procurou também manter «a simetria entre romance e poesia, concedendo um lugar significativo a poetas que desenvolvem um diálogo muito estimulante com as artes plásticas (João Miguel Fernandes Jorge e Ana Marques Gastão)».
Igualmente destaca o papel da revista Vértice, «fundamental na consolidação do Neo-realismo, um movimento hoje um pouco denegrido, que no entanto desempenhou um papel fundamental nos anos 40 e 50, pela sua concepção comprometida da obra literária», período a que sucedeu, no dizer da professora universitária, um «longo processo de desencanto» e «práticas poéticas que deram primazia ao textual».
O 25 de Abril de 1974, em seu entender, permitiu aos romancistas «reinventar estratégias de escrita que adoptam aspectos tão diversos como a carnavalização da História, a reflexividade da narrativa, a subversão dos modelos tradicionais, a dissolução dos géneros ou ainda o questionamento pós-colonial».
«Às transformações políticas corresponde certamente uma transformação estética, mas o laço entre política e criação é subtil, sendo do domínio do diálogo e da cumplicidade e não da estrita causalidade», considera Maria Graciete Besse.
Cortesia de IC
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