Isabel (By: Anzio Líthica)
Isabel
queima-te na pele
sem nunca se queimar
Isabel
bebe-te nos olhos de mel
sem nunca se afogar
Isabel
acorda-te fome cruel
para se alimentar
Isabel
E agora que te tem o pranto
lambido na lingua vermelhusca
vai-se de ti, tira-te o encanto
de beleza fria de boneca.
Salgados se tornaram os olhos suados
quando as lágrimas se tornaram suor
essa transpiração, de quem os abre na dor
para mesmo assim ver, pasmados, raiados
varados pelas meninas, vazados no amor.
Isabel
promete ser fiel
pelo gozo de atraiçoar.
Dispo-me...
Dispo-me; sei bem a tua história, um fragmento dela colado nas minhas costas, a língua em flor a desenhar-me pétalas no dorso - um beijo que lá ficou, caído, perdido, vermelho. Nítido como um cubo num circulo triangular. O nexo não pode falar, nem uma só palavra azul.
Dispo-me; sei bem os teus segredos - estavam nos ninhos entre os dedos das tuas mãos, o teu peito nas minhas costas, o meu peito nas tuas mãos - perdeste-os na minha pele; suaste-os, regados de paixão enraizaram no meu ventre, cresceram árvores.
Dispo-me; sei bem a tua nudez, esteve no meio de mim, bem dentro do meu corpo, nadou até à exaustão do meu mar - desmaiou na areia da minha praia, de boca salgada, de corpo ainda a ondular. O botão de rosa, largado no meio da jangada, abriu. Era o meu sexo.
Dispo-me; já nem bem sei quem tu és - mas sei quem és em mim - dispo-me para encontrar a tua história, para encontrar os teus segredos, para encontrar a tua nudez; aqui dentro encontro-te perdido - ramificado, ainda assim - dou-te a mão e estás aqui, no cheiro a cores suaves do meu pescoço, amor imperfeito, nova flor.
Cadência
A cadência das estrelas
quando retornam
aos seus lugares;
a cadência dos segredos
quando aveludam
vagos olhares;
a cadência dos momentos
quando entranham
a paixão no ar;
a cadência de janelas
que se começam
a descortinar;
a cadência das velas
quando dançam
até queimar;
a cadência da alma
quando a encantam
até pairar;
a cadência do conforto
adormeceu
na minha cama
que a cadência do teu corpo
(que é a cadência das estrelas,
e é a cadência dos segredos,
é a cadência dos momentos,
é a cadência das janelas,
é a cadência das velas,
é a cadência da alma)
chamou a do meu
até cair saciada.
Isabel
queima-te na pele
sem nunca se queimar
Isabel
bebe-te nos olhos de mel
sem nunca se afogar
Isabel
acorda-te fome cruel
para se alimentar
Isabel
E agora que te tem o pranto
lambido na lingua vermelhusca
vai-se de ti, tira-te o encanto
de beleza fria de boneca.
Salgados se tornaram os olhos suados
quando as lágrimas se tornaram suor
essa transpiração, de quem os abre na dor
para mesmo assim ver, pasmados, raiados
varados pelas meninas, vazados no amor.
Isabel
promete ser fiel
pelo gozo de atraiçoar.
Dispo-me...
Dispo-me; sei bem a tua história, um fragmento dela colado nas minhas costas, a língua em flor a desenhar-me pétalas no dorso - um beijo que lá ficou, caído, perdido, vermelho. Nítido como um cubo num circulo triangular. O nexo não pode falar, nem uma só palavra azul.
Dispo-me; sei bem os teus segredos - estavam nos ninhos entre os dedos das tuas mãos, o teu peito nas minhas costas, o meu peito nas tuas mãos - perdeste-os na minha pele; suaste-os, regados de paixão enraizaram no meu ventre, cresceram árvores.
Dispo-me; sei bem a tua nudez, esteve no meio de mim, bem dentro do meu corpo, nadou até à exaustão do meu mar - desmaiou na areia da minha praia, de boca salgada, de corpo ainda a ondular. O botão de rosa, largado no meio da jangada, abriu. Era o meu sexo.
Dispo-me; já nem bem sei quem tu és - mas sei quem és em mim - dispo-me para encontrar a tua história, para encontrar os teus segredos, para encontrar a tua nudez; aqui dentro encontro-te perdido - ramificado, ainda assim - dou-te a mão e estás aqui, no cheiro a cores suaves do meu pescoço, amor imperfeito, nova flor.
Cadência
A cadência das estrelas
quando retornam
aos seus lugares;
a cadência dos segredos
quando aveludam
vagos olhares;
a cadência dos momentos
quando entranham
a paixão no ar;
a cadência de janelas
que se começam
a descortinar;
a cadência das velas
quando dançam
até queimar;
a cadência da alma
quando a encantam
até pairar;
a cadência do conforto
adormeceu
na minha cama
que a cadência do teu corpo
(que é a cadência das estrelas,
e é a cadência dos segredos,
é a cadência dos momentos,
é a cadência das janelas,
é a cadência das velas,
é a cadência da alma)
chamou a do meu
até cair saciada.
Joana Well, é uma poetisa Portuguesa nascida em Lisboa na década de 70. Para conhecer melhor os seus trabalhos visitar www.missjoanaswell.blogspot.com.
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