Em oito anos, tornaram-se uma referência incontornável do roteiro cultural portuense, com um público fiel e numeroso, sempre a crescer.
As "Quintas de Leitura", no Teatro do Campo Alegre, chegaram na passada quinta-feira, dia 25 de Fevereiro, à centésima edição.
Surgiram em plena ressaca da Porto 2001, quando ainda subsistia a esperança de que a elevada quantidade de eventos da Capital Europeia da Cultura poderia ter continuidade. O desânimo que não tardou a instalar-se entre as hostes culturais da cidade em nada perturbou João Gesta, programador das "Quintas de Leitura" desde a primeira hora, que traçou logo nessa altura os objectivos: criar um ciclo de poesia com entrada paga em que os espectadores teriam acesso ao trabalho de criadores consagrados e emergentes não apenas na poesia, mas também noutras linguagens artísticas, da música, à dança, passando pelo vídeo e fotografia.
"O sucesso surpreendeu-me, quanto mais não fosse porque estamos a falar de regras ambiciosas. Pagar para assistir a espectáculos de poesia não era um hábito enraízado em Portugal", reconhece Gesta, que afirma dever tudo sobre a sua função a Joaquim Castro Caldas, o poeta responsável durante anos pelas célebres noites do Café Pinguim.
"Ciclo de boa saúde"
Primeiro no café-teatro e mais tarde no auditório do Teatro do Campo Alegre, o ciclo não tardou a sedimentar o seu prestígio, graças ao que João Gesta considera ser "uma mescla equilibrada" entre autores já renomados e outros a caminho disso.
"O ciclo continua de boa saúde ao fim deste tempo todo. As bases estão consolidadas, mas é preciso também oferecer às pessoas propostas inusitadas e surpreendentes. A poesia é sobretudo um risco", sintetiza João Gesta.
A frequência da participação de autores como Valter Hugo Mãe, José Luís Peixoto e Gonçalo M. Tavares não tem isentado os organizadores de críticas quanto à repetição de fórmulas. João Gesta discorda do reparo, frisando que cada participação de um dos referidos autores equivale a um novo espectáculo, com outros intervenientes e protagonistas.
"Além disso, é o público que exige a sua presença. No dia seguinte à presença do José Luís Peixoto, por exemplo, há pessoas que ligam para o teatro a perguntar quando será a sua próxima vinda", confessa.
Eleger momentos marcantes em 99 edições é tarefa árdua, à qual Gesta, porém, não se furta, destacando o momento em que Rui Reininho simulou atirar para a assistência um recipiente cheio de urina que, afinal, era chá... "Aquilo poderia ter acabado mal", sorri o mentor do evento, patrocinado pela Fundação Ciência e Desenvolvimento, que confessa jamais ter sentido pressões para convidar determinados autores. "No momento em que isso acontecesse, cessava funções", diz.
Cortesia de JN
As "Quintas de Leitura", no Teatro do Campo Alegre, chegaram na passada quinta-feira, dia 25 de Fevereiro, à centésima edição.
Surgiram em plena ressaca da Porto 2001, quando ainda subsistia a esperança de que a elevada quantidade de eventos da Capital Europeia da Cultura poderia ter continuidade. O desânimo que não tardou a instalar-se entre as hostes culturais da cidade em nada perturbou João Gesta, programador das "Quintas de Leitura" desde a primeira hora, que traçou logo nessa altura os objectivos: criar um ciclo de poesia com entrada paga em que os espectadores teriam acesso ao trabalho de criadores consagrados e emergentes não apenas na poesia, mas também noutras linguagens artísticas, da música, à dança, passando pelo vídeo e fotografia.
"O sucesso surpreendeu-me, quanto mais não fosse porque estamos a falar de regras ambiciosas. Pagar para assistir a espectáculos de poesia não era um hábito enraízado em Portugal", reconhece Gesta, que afirma dever tudo sobre a sua função a Joaquim Castro Caldas, o poeta responsável durante anos pelas célebres noites do Café Pinguim.
"Ciclo de boa saúde"
Primeiro no café-teatro e mais tarde no auditório do Teatro do Campo Alegre, o ciclo não tardou a sedimentar o seu prestígio, graças ao que João Gesta considera ser "uma mescla equilibrada" entre autores já renomados e outros a caminho disso.
"O ciclo continua de boa saúde ao fim deste tempo todo. As bases estão consolidadas, mas é preciso também oferecer às pessoas propostas inusitadas e surpreendentes. A poesia é sobretudo um risco", sintetiza João Gesta.
A frequência da participação de autores como Valter Hugo Mãe, José Luís Peixoto e Gonçalo M. Tavares não tem isentado os organizadores de críticas quanto à repetição de fórmulas. João Gesta discorda do reparo, frisando que cada participação de um dos referidos autores equivale a um novo espectáculo, com outros intervenientes e protagonistas.
"Além disso, é o público que exige a sua presença. No dia seguinte à presença do José Luís Peixoto, por exemplo, há pessoas que ligam para o teatro a perguntar quando será a sua próxima vinda", confessa.
Eleger momentos marcantes em 99 edições é tarefa árdua, à qual Gesta, porém, não se furta, destacando o momento em que Rui Reininho simulou atirar para a assistência um recipiente cheio de urina que, afinal, era chá... "Aquilo poderia ter acabado mal", sorri o mentor do evento, patrocinado pela Fundação Ciência e Desenvolvimento, que confessa jamais ter sentido pressões para convidar determinados autores. "No momento em que isso acontecesse, cessava funções", diz.
Cortesia de JN
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