Nas quartas-feiras dias 4, 11, 18 e 25 de Fevereiro de 2009 realiza-se o ciclo de conferências O Fulgor da Grécia: o olhar, a palavra, o gesto, sempre às 18h30 na Sala 2 da Culturgest. A entrada é gratuita. O levantamento de senha de acesso é feito 30 minutos antes do início da sessão, no limite dos lugares disponíveis, com um máximo de 2 senhas por pessoa. Mais informações contacte através do número 217905155 ou o e-mail culturgest.bilheteira@cgd.pt.
Mais do que fórmula literária, a “Aurora de dedos róseos” é verdade poética no seio da qual está uma intensa experiência de luz, ou do desejo dela. O surgimento dos seres, emergindo do fundo caótico da noite indistinta e revelando-se à luz da “Filha da manhã”, constitui radical momento de espanto por alguma coisa ‘ser’. Este desejo de luz e de ‘ser’, pela madrugada anunciado, manifesta-se no vocabulário onde a clareza da apreensão intelectual é entendida como o prolongamento inteligível da clara percepção sensível.
Nessa espantada visão colhe-se, gloriosa e inquietante, a heróica vocação do homem, frágil sopro à morte destinado, mas nobre e grande na palavra desenhada. A epopeia grega marca um ritmo primeiro do humano habitar a terra, canto de que nunca nos afastámos inteiramente.
O gesto épico, porém, torna-se sobressaltado espectador de si próprio, e a total coincidência do herói com o acto realizado acrescenta-se em distância crítica, ‘re-flexão’. A epopeia floresce em tragédia. Constrangido pela Necessidade, enredado em conflitos, culpado e inocente, assim se interroga o homem sobre si, sobre ‘quem’ é, voz da Esfinge que não deixa de nos ferir. E essa demanda não pode esquecer Dioniso, a luz sombria do ‘delírio’.
E se estes são fios com que vamos tecendo o nosso histórico caminho, oportuno é questionarmo-nos sobre o modo como os gregos viviam o tempo e percebiam a história. José Pedro Serra
José Pedro Serra é Doutor em Cultura Clássica pela Universidade de Lisboa e docente do Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa, onde tem leccionado disciplinas na área do Grego, da Literatura Grega, do Teatro Antigo e da Cultura Clássica. Integra o Centro de Estudos Clássicos, onde coordena a linha de investigação sobre literatura e cultura gregas. Autor de várias conferências e artigos no âmbito da Filosofia, da Literatura e da Cultura Clássica, publicou Pensar o trágico, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (Prémio PEN Clube e Prémio Jacinto do Prado Coelho).
11 de Fevereiro No espelho da tragédia
18 de Fevereiro Dioniso: Sol negro entre os olímpicos
25 de Fevereiro Ao tear do tempo: Atenas e Jerusalém
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