E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira
1 comentário:
POR VEZES
Ai por vezes caro Mestre quantas vezes
O instante todo o sempre o julgamos
Ou o sempre por julgá-lo como meses
Em instante para sempre transformamos
Ai por vezes meu Amigo quantos anos
Se passaram sem os ter apercebido
Se passaram se esfumaram mas somamos
O saber nesse espaço adquirido
Ao passar todo este tempo já foi tido
Todo o ser que entretanto nós cantamos
Construído nestes versos e em teses
E ao tempo eu lhe peço não me leses
Já que é tempo de o juntar ao que já sido
Nos sustenta nesta voz que comungamos
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 28 de Fevereiro de 2009
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