Busboys and Poets, na intersecção da Rua V com a Rua 14, junto ao corredor da Rua U, Washington, D. C. - uma área do Distrito de Columbia que tem sido um centro da cena cultural e activista com lugares como o Lincoln Theatre, o Howard Theatre, o Bens Chili Bowl, as Bohemian Caverns, o Jazz-Utopia. Era esta a grande zona urbana afro-americana dos EUA, até ter sido ultrapassada pelo Harlem nos anos 1920. A cantora de jazz Pearl Bailey chamou-lhe a Broadway Negra, e em 1968 foi palco de motins que se seguiram ao assassínio do Reverendo Martin Luther King. Hoje em dia, reabilitada e quase sem vestígios de incêndios e destruição, é uma zona residencial e de lojas muito agradável. Muito perto fica a Igreja de St. Augustine, onde as missas são acompanhadas por belíssimos espirituais negros cantados ao vivo.
Busboys and Poets é um café, restaurante, livraria, espaço de performance e local de reunião onde as pessoas podem discutir assuntos relacionados com a paz e a justiça social. Busboys and Poets orgulha-se de reflectir e respeitar a área histórica onde se insere, bem como a sua identidade, e de juntar uma clientela diversa, negra e branca, mais jovem e mais velha, em diálogo criativo e formativo. Fundado em 2005, a história de Busboys and Poets confunde-se com a do seu proprietário, Andy Shallal, um americano de origem iraquiana, que veio para os EUA em 1968, com 11 anos. O pai de Shallal era diplomata e traduziu os Rubayat de Omar Khayyam. Busboys and Poets não demorou a tornar-se uma imagem de marca em Washington, D. C., e conta já com quatro cafés, estando para abrir mais um em breve. Andy Shallal estudou Medicina na Howard University e na Universidade Católica, mas depressa se dedicou a abrir restaurantes e cafés com o irmão – Skewers, Cafe Luna e MiMi’s Peace Cafe. Vende entretanto a sua quota nestes cafés para se dedicar só ao Busboys and Poets, que em 2005 logo se torna lugar de referência em Washington, D. C., o “talk of the town”, aquilo de que toda a gente fala. Shallal reuniu-se, durante meses, à procura de raízes locais para o seu projecto, com líderes comunitários, homens de negócios, políticos, organizações episcopais, escolas e estações de rádio e outros organismos locais. Empenha os seus outros cafés para financiar este novo projecto, prometendo inserir o café na vizinhança. Shallal aprendera com os seus outros empreendimentos que, quanto mais um local está imerso e inserido na vida da comunidade circundante, mais essa comunidade muda. Activista e pacifista, os seus heróis são Martin Luther King e Gandhi. A estes se junta o Dalai Lama para formar o trio que preside a todos os eventos na sala de performances. O Dalai Lama aconselha: esperar, Gandhi: observar, Martin Luther King: sonhar – “Waiting”, “Watching”, “Dreaming”, dizem respectivamente cartazes por baixo dos retratos de cada um dos pensadores.
O nome do café, Busboys and Poets, é uma homenagem ao poeta e autor Langston Hughes, que trabalhou como copeiro (busboy) num hotel da vizinhança em 1930, quando começava a afirmar-se como poeta. Conta-se como Hughes, que à época era copeiro no Wardman Park Hotel em Washington, foi “descoberto” pelo poeta Vachel Lindsay. Lindsay estava a jantar neste hotel, quando um copeiro colocou algumas folhas de papel ao lado do seu prato. Apesar de incomodado, Lindsay pegou nos papéis, leu um poema intitulado “The Weary Blues” e o seu interesse ia crescendo à medida que lia. Chamou então o copeiro e perguntou-lhe: “Quem escreveu isto?”, ao que Hughes respondeu: “Fui eu”. Lindsay apresentou o jovem a editores que publicaram o autor de “Shakespeare in Harlem”, “The Dream Keeper”, “Not Without Laughter”, bem como do já referido poema “The Weary Blues”, que acabou por dar nome ao seu primeiro livro publicado em 1925. Hoje em dia uma mais-valia em qualquer área da cidade onde abra um novo café, o Busboys and Poets é um ponto de encontro inclusivo e vibrante que mistura o trabalho manual com o intelectual, frequentado por estudantes da Universidade de Howard, negros que querem reviver o passado da zona, e todos aqueles que se empenham na acção social. Shallal não receou, com a sua radical visão integradora, ser parte de um problema para ser parte também da sua solução, e o local é um cais de abrigo para escritores, pensadores, poetas, performers, que têm em comum pertencer a movimentos sociais e políticos progressistas. Shallal considera missão sua criar uma cultura de paz, num país em que, segundo ele, há um défice de paz. Uma espécie de Speaker’s Corner do Hyde Park em Londres, um lugar onde as pessoas possam dizer aquilo que pensam, mas mais ainda pensar em comum.
O dia de quase Verão leva-me ao Busboys and Poets da Rua V com a Rua 14 às 4 da tarde, para duas horas de poesia, “The World and Me Celebration and Reading”, em que as organizações Sol y Soul e Split this Rock entregarão os prémios aos vencedores do segundo Concurso Anual de Poesia Juvenil The World and Me. As convidadas especiais Naomi Ayala e Toni Asante Lightfoot lêem poemas, depois é a vez das crianças, adolescentes e jovens. Em seguida são entregues os três primeiros prémios e as menções honrosas, sempre acompanhados pelas palmas do público, que enche por completo a sala de performances do café, sempre sob a égide do Dalai Lama, de Gandhi e Martin Luther, eles ali continuam imperturbáveis mas aprovadores, “Waiting”, “Watching”, e “Dreaming”. Troco cartões de visita com dois jovens da Comissão das Artes e Humanidades do Governo do Distrito de Columbia, que trabalham na organização do evento. O público é numeroso, jovem, educado, liberal, classe-média e com grande percentagem de negros. Há brownies (bolo de chocolate) para todos. A poesia flui calma como o tempo lá fora - é simples, lida em voz alta, partilhada, aplaudida com entusiasmo e premiada. Um título fica na memória, “Broken Masterpiece”, assim como alguns versos, “Paint me like I am (...) but most of all / Paint me free”.
Ana Maria Delgado, Georgetown, 21 de Abril de 2009Cortesia de PNET
1 comentário:
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