Edgar Allan Poe (1809-1849), mercê do seu acolhimento em França por escritores de grande relevo em que se destacam Baudelaire, Mallarmé, Paul Valéry, Paul Verlaine ou Antonin Artaud, é um autor norte-americano marcante na modernidade literária ocidental. Contemporâneo do extraordinário incremento da circulação da imprensa no século XIX, E. A. Poe serviu-se dos meios ao seu dispor para criar uma obra cujos níveis de leitura pretendiam impressionar tanto os círculos de erudição artística como novos e alargados círculos de leitores, impulsionando decisivamente modos e géneros como o fantástico, a ficção científica, o policial, o conto, o poema simbolista ou a crítica literária jornalística.
A presente mostra – associada ao Colóquio Internacional “Poe e Criatividade Gótica”, organizado pela Linha de Investigação de Estudos Americanos do Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (18-20 Março) – ilustra sequencialmente a recepção do autor em Portugal.
Desde a primeira tradução conhecida de Poe (1857), passando pelo seu contributo para a poesia de Antero de Quental ou para contos fantásticos desenvolvidos por vários agentes da Geração de 70 (expositor 1), a produtividade do escritor revela-se através de uma série de testemunhos da influência do seu poema The Raven (O Corvo) no nosso século XIX, sobretudo na estética decadentista-simbolista (expositor 2). O mesmo poema seria magistralmente traduzido por Fernando Pessoa em 1924 para Athena, órgão do primeiro modernismo português; a dívida para com Poe foi partilhada por Mário de Sá-Carneiro e estendeu-se, controversamente, à geração da Presença (expositor 3). A influência do autor perdura na cultura portuguesa até aos nossos dias, não só entre poetas e prosadores, como também nas artes plásticas (expositor 4 e painéis). A contínua publicação de traduções de Poe desde o século XIX até hoje surge também representada (expositor 5), mostrando o sucesso editorial do escritor que Stéphane Mallarmé apelidou de “caso literário absoluto”.
MOSTRA BIBLIOGRÁFICA Biblioteca Nacional 4 a 31 de Março Entrada livre
Cortesia de BN
1 comentário:
É O VENTO E NADA MAIS
Dear Edgar,
Se o meu amigo tivesse visitado a cidade de Lisboa, conheceria suas armas, a nau e os corvos, que um deles águia teria sido.
Efabulando
É o vento e nada mais
Quais corvos e outros que tais
É a nau que nos transporta
O tempo que bate à porta
É um santo que navega
Tudo o que nos exorta
A nau que no cais aporta
É o barulho da vida
É o caminho destino
A arte que nos convida
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 11 de Março de 2009
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