Só 50 bolseiros pediram ajuda à biblioteca para poderem localizar livros ou acelerar trabalho antes do encerramento. Outras bibliotecas preparam-se para servir de reforço.
Cinquenta bolseiros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) pediram o apoio da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) para lhes facilitar a pesquisa antes do encerramento, para obras, da Sala de Leitura da BNP, que acontece hoje e que se prolonga até Setembro do próximo ano.
"Em Julho enviámos aos 10.600 bolseiros da FCT uma mensagem informando que tínhamos uma linha de apoio para tentar suprir os problemas criados pelo encerramento", explicou ao PÚBLICO Maria Inês Cordeiro, subdirectora da biblioteca. "Recebemos 50 pedidos de apoio e essa ajuda tem estado a ser feita com sucesso."
Mas nem todos os investigadores concordam. Paulo Silveira e Sousa é um dos 50 que pediram apoio nesta fase, mas considera que, apesar do esforço que está a ser feito, continua a haver "má vontade" da parte dos responsáveis da BNP. E dá um exemplo: "A colecção de periódicos não está na torre [de depósito dos livros, a área que está a sofrer obras maiores], está numa cave que só vai ser intervencionada mais tarde. [Um grupo de 37 investigadores] escreveu uma carta pedindo uma sala provisória de acesso condicionado para a consulta desses periódicos e a BNP disse que não era possível."
Os investigadores chegaram mesmo a propor locais alternativos, como uma sala que está a ser usada para exposições ou a utilização das salas de leitura de reservados, mas a resposta da biblioteca foi negativa por razões práticas e de segurança. Esta é, segundo Silveira e Sousa, "a maior colecção nacional de periódicos" e a Hemeroteca não é uma alternativa.
A situação dos bolseiros que estavam a terminar as suas teses era uma das que mais preocupavam a comunidade de investigadores. Com o encerramento da Sala de Leitura Geral durante nove meses e da Leitura de Reservados de 1 de Abril a 1 de Setembro, como iriam os investigadores terminar os seus trabalhos dentro dos prazos impostos pela bolsa? Maria Inês Cordeiro explica que nos últimos meses os bibliotecários receberam as pessoas que pediram ajuda, acompanharam-nas na preparação da bibliografia de que necessitavam, disponibilizaram os livros e fizeram as reproduções pedidas. "Não houve caso nenhum que não pudéssemos resolver."
A partir de hoje, os investigadores poderão continuar a dirigir-se à sala de referência da BNP, onde serão ajudados a localizar, noutras bibliotecas do país, as obras de que precisam. Nessa sala estará ainda disponível o equipamento para leitura de microfilmes.
Alternativas reforçam-se
Joana Baião, bolseira da FCT a iniciar o seu trabalho de investigação, confirma ter recebido um email "a avisar que se podiam requisitar [até sábado passado] as obras que precisaríamos de consultar no próximo ano". Não teve, contudo, que recorrer a esse serviço, porque já tinha organizado o seu trabalho para 2011 de forma a não precisar de consultar obras da BNP.
"Vou usar a consulta de microfilmes, que continua acessível, e vou consultar teses, que estão nas universidades." Vários colegas também bolseiros vão fazer o mesmo, diz.
A BNP colocou no seu site (www.bnportugal.pt) informação sobre o tipo de obras e documentos que existem noutras bibliotecas nacionais. Na da Academia das Ciências, a responsável, Leonor Pinto, diz que os serviços estão preparados para receber mais gente. As estantes do imponente Salão Nobre do antigo convento continuam a guardar a biblioteca dos frades que ali viveram. "Temos 30 mil volumes das mais diversas temáticas, uma colecção preciosa de 100 obras impressas antes de 1500, e cerca de mil manuscritos herdados dos frades, a chamada Série Vermelha", diz Leonor Pinto.
Esta biblioteca, considerada a segunda mais importante de Lisboa e a terceira do país a seguir à BNP e à da Universidade de Coimbra, vai receber um reforço de dois funcionários e algum equipamento de reprodução enviado pela BNP para dar resposta ao previsível aumento de utilizadores.
Na Rua das Portas de Santo Antão fica outra das bibliotecas apresentadas como alternativa - a da Sociedade de Geografia de Lisboa. Esta instituição independente e sem apoio estatal tem apenas dois funcionários na sua biblioteca especializada nas antigas colónias, explica o secretário-geral, João Pereira Neto, mas está disposta a alargar o seu horário, não encerrando, por exemplo, à hora do almoço. A Biblioteca Municipal das Galveias (com Depósito Legal desde 1931) também já se preparou para dar resposta a eventuais investigadores, embora o seu carácter seja generalista e não especializado.
Algumas bibliotecas alternativas
- Academia das Ciências
Das 9h às 17h, todos os dias úteis; 5.ª, só até às 12h30
Mais de um milhão de títulos, Depósito Legal entre 1931 e 2003. Cerca de três mil manuscritos portugueses, árabes, espanhóis e hebraicos, colecção de livros dos séculos XIV a XVII. Arquivos pessoais, entre os quais o de Gago Coutinho.
Faculdade de Letras de Lisboa
De 2.ª a 6.ª, das 9h às 20h; sáb., das 9h às 12h30
300 mil monografias, mais de 1600 títulos de publicações periódicas.
Sociedade de Geografia de Lisboa
De 2.ª a 6.ª, das 10h às 13h e das 14h às 17h
200 mil volumes, seis mil manuscritos, cinco mil mapas antigos.
Biblioteca Universitária João Paulo II, Universidade Católica
Dias úteis, das 9h às 21h; sáb., das 9h às 13h
Mais de 200 mil volumes (inclui Centro de Documentação Europeia e fundo com cerca de nove mil volumes, com destaque para a obra de António Vieira e autores portugueses e brasileiros dos séculos XVII e XVIII).
Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
De 2.ª a 6.ª, das 9h30 às 19h
Especializada em História de Arte, Artes Visuais, Design e Arquitectura.
E ainda as bibliotecas da Ajuda, da Faculdade de Direito de Lisboa, da Assembleia da República, da Marinha, da Torre do Tombo e Arquivo Histórico Ultramarino (lista completa no site da BNP).
Cortesia de O Público
Cinquenta bolseiros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) pediram o apoio da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) para lhes facilitar a pesquisa antes do encerramento, para obras, da Sala de Leitura da BNP, que acontece hoje e que se prolonga até Setembro do próximo ano.
"Em Julho enviámos aos 10.600 bolseiros da FCT uma mensagem informando que tínhamos uma linha de apoio para tentar suprir os problemas criados pelo encerramento", explicou ao PÚBLICO Maria Inês Cordeiro, subdirectora da biblioteca. "Recebemos 50 pedidos de apoio e essa ajuda tem estado a ser feita com sucesso."
Mas nem todos os investigadores concordam. Paulo Silveira e Sousa é um dos 50 que pediram apoio nesta fase, mas considera que, apesar do esforço que está a ser feito, continua a haver "má vontade" da parte dos responsáveis da BNP. E dá um exemplo: "A colecção de periódicos não está na torre [de depósito dos livros, a área que está a sofrer obras maiores], está numa cave que só vai ser intervencionada mais tarde. [Um grupo de 37 investigadores] escreveu uma carta pedindo uma sala provisória de acesso condicionado para a consulta desses periódicos e a BNP disse que não era possível."
Os investigadores chegaram mesmo a propor locais alternativos, como uma sala que está a ser usada para exposições ou a utilização das salas de leitura de reservados, mas a resposta da biblioteca foi negativa por razões práticas e de segurança. Esta é, segundo Silveira e Sousa, "a maior colecção nacional de periódicos" e a Hemeroteca não é uma alternativa.
A situação dos bolseiros que estavam a terminar as suas teses era uma das que mais preocupavam a comunidade de investigadores. Com o encerramento da Sala de Leitura Geral durante nove meses e da Leitura de Reservados de 1 de Abril a 1 de Setembro, como iriam os investigadores terminar os seus trabalhos dentro dos prazos impostos pela bolsa? Maria Inês Cordeiro explica que nos últimos meses os bibliotecários receberam as pessoas que pediram ajuda, acompanharam-nas na preparação da bibliografia de que necessitavam, disponibilizaram os livros e fizeram as reproduções pedidas. "Não houve caso nenhum que não pudéssemos resolver."
A partir de hoje, os investigadores poderão continuar a dirigir-se à sala de referência da BNP, onde serão ajudados a localizar, noutras bibliotecas do país, as obras de que precisam. Nessa sala estará ainda disponível o equipamento para leitura de microfilmes.
Alternativas reforçam-se
Joana Baião, bolseira da FCT a iniciar o seu trabalho de investigação, confirma ter recebido um email "a avisar que se podiam requisitar [até sábado passado] as obras que precisaríamos de consultar no próximo ano". Não teve, contudo, que recorrer a esse serviço, porque já tinha organizado o seu trabalho para 2011 de forma a não precisar de consultar obras da BNP.
"Vou usar a consulta de microfilmes, que continua acessível, e vou consultar teses, que estão nas universidades." Vários colegas também bolseiros vão fazer o mesmo, diz.
A BNP colocou no seu site (www.bnportugal.pt) informação sobre o tipo de obras e documentos que existem noutras bibliotecas nacionais. Na da Academia das Ciências, a responsável, Leonor Pinto, diz que os serviços estão preparados para receber mais gente. As estantes do imponente Salão Nobre do antigo convento continuam a guardar a biblioteca dos frades que ali viveram. "Temos 30 mil volumes das mais diversas temáticas, uma colecção preciosa de 100 obras impressas antes de 1500, e cerca de mil manuscritos herdados dos frades, a chamada Série Vermelha", diz Leonor Pinto.
Esta biblioteca, considerada a segunda mais importante de Lisboa e a terceira do país a seguir à BNP e à da Universidade de Coimbra, vai receber um reforço de dois funcionários e algum equipamento de reprodução enviado pela BNP para dar resposta ao previsível aumento de utilizadores.
Na Rua das Portas de Santo Antão fica outra das bibliotecas apresentadas como alternativa - a da Sociedade de Geografia de Lisboa. Esta instituição independente e sem apoio estatal tem apenas dois funcionários na sua biblioteca especializada nas antigas colónias, explica o secretário-geral, João Pereira Neto, mas está disposta a alargar o seu horário, não encerrando, por exemplo, à hora do almoço. A Biblioteca Municipal das Galveias (com Depósito Legal desde 1931) também já se preparou para dar resposta a eventuais investigadores, embora o seu carácter seja generalista e não especializado.
Algumas bibliotecas alternativas
- Academia das Ciências
Das 9h às 17h, todos os dias úteis; 5.ª, só até às 12h30
Mais de um milhão de títulos, Depósito Legal entre 1931 e 2003. Cerca de três mil manuscritos portugueses, árabes, espanhóis e hebraicos, colecção de livros dos séculos XIV a XVII. Arquivos pessoais, entre os quais o de Gago Coutinho.
Faculdade de Letras de Lisboa
De 2.ª a 6.ª, das 9h às 20h; sáb., das 9h às 12h30
300 mil monografias, mais de 1600 títulos de publicações periódicas.
Sociedade de Geografia de Lisboa
De 2.ª a 6.ª, das 10h às 13h e das 14h às 17h
200 mil volumes, seis mil manuscritos, cinco mil mapas antigos.
Biblioteca Universitária João Paulo II, Universidade Católica
Dias úteis, das 9h às 21h; sáb., das 9h às 13h
Mais de 200 mil volumes (inclui Centro de Documentação Europeia e fundo com cerca de nove mil volumes, com destaque para a obra de António Vieira e autores portugueses e brasileiros dos séculos XVII e XVIII).
Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian
De 2.ª a 6.ª, das 9h30 às 19h
Especializada em História de Arte, Artes Visuais, Design e Arquitectura.
E ainda as bibliotecas da Ajuda, da Faculdade de Direito de Lisboa, da Assembleia da República, da Marinha, da Torre do Tombo e Arquivo Histórico Ultramarino (lista completa no site da BNP).
Cortesia de O Público
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